Álbum Lições do Cotidiano – Faixas 05, 06 e 07
Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=jtZPXpNhfGk
Não me bata mais
Virgem Santa!
A raiva era tanta
Que mesmo cantando
Meu corpo doía
E era demais.
(Refrão)
Oh! Minha santa
Não me bata mais
Não me bata mais
Palavras rasgavam
Me Maltratavam
Não perdoavam
Facas dentadas
Eram demais
(Refrão)
Oh! Minha santa
Não me bata mais
Não me bata mais
Tanta Cegueira
Era Luz negra
Que destacava
O que ela queria
Era demais
(Refrão)
Oh! Minha santa
Não me bata mais
Não me bata mais
Composição – Hiran de Melo &
Hian de Melo
Arranjos e Gravação: Studio
Washington Boy
Álbum Lições do Cotidiano –
2024/2025
Faixa 05 - Intérprete – Boy
https://www.youtube.com/watch?v=jtZPXpNhfGk
Faixa 06 – Instrumental
https://www.youtube.com/watch?v=RUVs-m2Tk1w
Faixa 07 – Intérprete – Andreza
Bocarely
https://www.youtube.com/shorts/SYqvLZODH_w
Anexo
Depoimento do
Poeta: Não me bata mais
"Não Me Bata Mais" nasceu de um grito
sufocado, de uma necessidade urgente de dar voz àqueles que sofrem em silêncio.
Hian e eu, filho e pai, buscamos criar um poema que fosse um testemunho da dor,
mas também um chamado à conscientização e à mudança.
A primeira estrofe nos transporta para o epicentro
da violência, onde a dor se manifesta de forma visceral. A "Virgem
Santa", figura de proteção, se mostra impotente diante da fúria da
agressora. O canto, que deveria ser um refúgio, se transforma em lamento, a dor
se instala no corpo como uma ferida aberta.
A segunda estrofe nos confronta com a violência da
palavra, que se soma à agressão física, revelando a dimensão multifacetada da
brutalidade. As palavras se transformam em "facas dentadas",
instrumentos de tortura que dilaceram a alma. A gradação dos verbos intensifica
a sensação de dor, revelando a crueldade da agressora.
A terceira estrofe mergulha na dimensão psicológica
da violência, expondo a fragilidade da vítima diante da crueldade da agressora.
A "cegueira" da agressora, iluminada pela "luz negra",
revela a sua incapacidade de enxergar a dor que inflige. A "luz
negra" simboliza a sua cegueira moral, a recusa em encarar as
consequências de seus atos.
O refrão, com a repetição do pedido "Não me
bata mais", é um grito desesperado por paz, por um fim ao sofrimento. É um
clamor por respeito, por dignidade, por um basta à violência. A repetição
intensifica a súplica da vítima, conferindo ao poema um tom de lamento
lancinante.
"Não Me Bata Mais" é um poema que busca
dar voz a quem sofre, que busca romper o silêncio e denunciar a injustiça. É um
chamado à ação, um convite à reflexão sobre as raízes da violência e um
incentivo à construção de uma cultura de paz.
Poeta Hiran de Melo
Análise
Anexo 01: Uma leitura possível da canção
Não me bata mais
O poema 'Não Me Bata Mais', de Hiran de Melo e Hian
de Melo, pai e filho, é um grito de sofrimento que se manifesta através de uma
linguagem concisa e carregada de simbolismo. A linguagem, despojada de adornos,
busca a máxima expressividade na economia de palavras, revelando a crueza da
violência. A 'santa', figura de proteção que se
mostra impotente, e a 'Luz negra', metáfora da
cegueira moral da agressora, são símbolos poderosos que condensam a
complexidade da experiência da vítima.
Ao conectar este poema com outros que abordam a
temática da violência, podemos traçar um panorama da dor humana e da luta por
justiça. O poema, ecoando as vozes de tantas vítimas, nos convida a refletir
sobre a urgência de combater a violência contra o ser humano e construir uma
sociedade mais justa e solidária. Segue a leitura por estrofe.
Virgem Santa!
A raiva era tanta
Que mesmo cantando
Meu corpo doía
Era demais.
A primeira estrofe do poema nos transporta para o
epicentro da violência. O eu lírico, numa invocação pungente à 'Virgem Santa',
busca um refúgio que se revela ilusório. A 'raiva' da agressora transborda, a
ponto de macular a melodia do canto e inscrever a dor no corpo, que se torna
palco da violência.
O canto, que deveria ser refúgio e consolo,
transforma-se em lamento, a dor corrói a melodia e se instala no corpo como uma
ferida aberta. Essa primeira estrofe, com a força da invocação e a crueza da
dor, lança as bases para a progressão da violência que se desenha nas estrofes
seguintes, culminando na denúncia da cegueira da agressora.
A tentativa da vítima de expressar-se através do
canto, mesmo em meio à dor, demonstra a força da sua alma e a busca por
transcendência. No entanto, a violência física é tão intensa que a dor se
sobrepõe à arte, silenciando o canto. Essa imagem é poderosa e evoca a
fragilidade da vítima diante da brutalidade da agressora.
Palavras rasgavam
Me maltratavam
Não perdoavam
Facas dentadas
Eram demais
Essa estrofe nos confronta com a violência da
palavra, que se soma à agressão física, revelando a dimensão multifacetada da
brutalidade. As palavras, como armas afiadas, 'rasgavam', 'maltratavam' e 'não
perdoavam', infligindo feridas que se estendem para além do corpo.
As palavras da agressora, metamorfoseadas em 'facas
dentadas', são instrumentos de tortura que dilaceram a vítima. A imagem das
facas, com seus dentes afiados, sugere a crueldade e a intencionalidade da
agressão verbal, que busca infligir dor profunda e duradoura. A gradação dos
verbos - 'rasgavam', 'maltratavam', 'não perdoavam' - sugere uma escalada da
violência verbal, que se inicia com feridas superficiais e culmina na exclusão
do perdão, revelando a profundidade da maldade da agressora.
Essa estrofe, ao desnudar a violência da palavra,
complementa a imagem da agressão física apresentada na primeira estrofe e
prepara o terreno para a análise da dimensão psicológica da violência, que será
explorada na estrofe seguinte.
Tanta Cegueira
Era Luz negra
Que destacava
O que ela queria
Era demais
A terceira estrofe mergulha na dimensão psicológica
da violência, expondo a fragilidade da vítima diante da crueldade da agressora.
A 'cegueira' da agressora, paradoxalmente
iluminada pela 'Luz negra', revela uma
incapacidade não apenas de ver a dor que inflige, mas também de reconhecer a
própria humanidade na vítima.
Essa cegueira seletiva, que 'que
destacava/ O que Ela queria / Era demais’, desumaniza o outro,
reduzindo-o a um objeto de manipulação. A 'Luz negra',
oxímoro que ilumina a escuridão moral da agressora, simboliza a sua cegueira
voluntária, a recusa em encarar a consequência de seus atos.
Essa luz, que paradoxalmente cega, revela a
perversidade da violência, que se alimenta da ignorância e da negação. A
agressão se transforma em tortura psicológica. Essa estrofe, ao dissecar a
dimensão psicológica da violência, complementa a descrição da agressão física e
verbal apresentadas nas estrofes anteriores, revelando a profundidade do
impacto da violência na vítima. A 'Luz negra' ilumina a escuridão da alma da
agressora, revelando a complexidade da natureza humana e a capacidade de
infligir dor.
Oh! Minha santa
Não me bata mais
Não me bata mais
O refrão confere ao poema uma força dramática
crescente. A reiteração do refrão, como um mantra doloroso, intensifica a
súplica da vítima, conferindo ao poema um tom de lamento lancinante.
O pedido 'Não me bata mais',
repetido como um grito primal, rasga o silêncio do poema, expondo a fragilidade
da vítima e a brutalidade da violência. A súplica, mais do que um pedido de
misericórdia, é um clamor por justiça, um grito de revolta que ecoa a dor de
inúmeras vítimas.
A finalizar o poema, ao retomando o refrão inicial,
não apenas reverbera a dor expressa ao longo do poema, mas também revela a
circularidade da violência, que se perpetua e se inscreve no corpo e na alma da
vítima. O poema, com sua estrutura circular, torna-se um ciclo de dor, um
testemunho da violência que se renova a cada agressão.
Por fim
Na economia precisa das palavras, os autores
encontram a força expressiva para traduzir a brutalidade da violência em
imagens poéticas pungentes. A simplicidade da linguagem, longe de ser um
recurso simplificador, potencializa a emoção crua que emana do poema, atingindo
o leitor com a força de um golpe.
O poema, mais do que um grito de alerta, é um
chamado urgente à ação. A voz poética dos autores ecoa a dor de inúmeras
vítimas, expondo a fragilidade humana diante da brutalidade. 'Não Me Bata Mais'
é um convite instigante à reflexão sobre as raízes da violência, e um incentivo
à construção de uma cultura de paz, onde a empatia e o respeito mútuo sejam
pilares fundamentais.
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