Álbum Lições do Cotidiano – Faixa 08 e 09

 

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=g6a57NJ8IIw

 

Quero você

Ah, meu bem
É você que ilumina meus dias
Até quando a noite cai

Parte 1


Quero você todo pra mim
Quero você ao meu lado
Cantando, sorrindo assim
Nos braços desse cuidado

 

Quero você todo pra mim
Quero você no compasso
Do amor que dança sem fim
No embalo de um forte abraço

 

[Refrão]


Quero o sol iluminando a noite
Quero teu riso feito açoite
Quero a lua escurecendo o dia
Quero você, minha poesia

 

Parte 2

Quero você todo pra mim
Na batida do coração
Dançando, tocando assim
Nos passos da nossa canção

 

Quero você todo pra mim
No calor de cada olhar
Beijos, amassos sem fim
Na vontade de te amar

 

[Refrão]


Quero o sol iluminando a noite
Quero teu sorriso feito açoite
Quero a lua escurecendo o dia
Quero você, minha poesia

 

Parte 3


Se o mundo gira o contrário
Ainda vou querer te encontrar
No silêncio de um abraço
No tempo que insiste em parar

 

[Refrão Final]

Quero o sol iluminando a noite
Quero teu sorriso feito açoite
Quero a lua escurecendo o dia
Quero você, minha poesia

 

Composição -  Poeta Hiran de Melo

Intérprete: Andreza Bocarely

Faixa 08 do Álbum Lições do Cotidiano – 2024/2025

https://www.youtube.com/watch?v=g6a57NJ8IIw

Faixa 09 do Álbum Lições do Cotidiano – 2024/2025

Instrumental – Maestro Boy

https://www.youtube.com/watch?v=DU9eihBsRRo

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

 

Anexo 01

 

Depoimento do Poeta: Quero você

 

"Quero você" nasceu de uma urgência emocional — aquela vontade arrebatadora de ter alguém não só por perto, mas entranhado no ritmo da nossa vida. Quando escrevi essa música, estava pensando sobre o que significa amar no dia a dia, nas coisas simples, mas intensas: o sorriso de quem a gente ama, o toque, o olhar que fala mais do que mil palavras. A música é um reflexo desse sentimento que transborda e não aceita meias medidas. Eu quis traduzir em versos esse desejo inteiro, sem freios, de viver o amor em cada batida do coração.

 

Na primeira parte, tem esse desejo quase infantil, puro, de querer alguém só para si — mas não de forma possessiva. É mais sobre compartilhar. Cantar junto, sorrir junto, cuidar junto. Porque o amor, para mim, é isso: um tipo de companhia que não pesa, que embala, que dá segurança.

 

No refrão, brincamos com as imagens contraditórias — sol iluminando a noite, lua escurecendo o dia — porque amar, às vezes, é isso também: fazer do impossível algo real. O sorriso da pessoa amada pode ser doce, mas também pode ser forte, como um açoite. Não é sofrimento, é intensidade. É poesia viva.

 

A segunda parte entra num compasso mais corporal. É quando o amor sai da cabeça e invade o corpo: a dança, o toque, o calor. Queríamos que as pessoas ouvissem e sentissem a pele arrepiar, sabe? Que lembrassem daquele alguém que faz o coração bater diferente.

 

A terceira parte fecha com essa ideia de permanência. Porque mesmo que tudo desande — que o mundo gire ao contrário — ainda assim há uma vontade de reencontro. No abraço silencioso, no tempo que parece parar quando a gente ama de verdade.

 

Essa faixa é uma declaração. É uma poesia musicada, sim, mas também é um espelho. Quem já amou de verdade, quem já desejou alguém assim, vai se ver nesses versos. E isso, para mim, é o maior presente que uma canção pode dar.

 

Poeta Hiran de Melo

 

Anexo 02

 

Análise Filosófica da Canção “Quero Você”, à luz de Hannah Arendt e da Hermenêutica de Franklin Leopoldo e Silva

 

Refletir sobre a canção “Quero Você” a partir de uma perspectiva filosófica que entrelace os pensamentos de Hannah Arendt e Franklin Leopoldo e Silva, é mergulhar nas tensões entre o amor enquanto fenômeno existencial e político, e o modo como o desejo se manifesta como força simbólica e linguagem do ser.

 

O gesto poético do “querer” torna-se, aqui, um ato de resistência ao anonimato do mundo, um trabalho de luz sobre a escuridão, algo que ressoa tanto com a política da ação arendtiana quanto com a experiência interpretativa do existir segundo Franklin.

 

Epígrafe

 

Ah, meu bem
É você que ilumina meus dias
Até quando a noite cai

Logo na abertura, o "você" aparece como fonte de luz interior e orientação existencial. Essa presença do outro devolve sentido ao mundo — um mundo que só se torna plenamente humano quando partilhado em pluralidade. Essa luz é mais que física: é o afeto que revela, é o modo como o outro faz ver e dá sentido à experiência. Aqui, o "você" é símbolo do que desperta a consciência poética do ser.

 

Parte 1


Quero você todo pra mim
Quero você ao meu lado
Cantando, sorrindo assim
Nos braços desse cuidado

 

O desejo expresso não é de posse, mas de cumplicidade amorosa. A palavra “cuidado” delimita a vontade — que poderia ser totalizante — e a orienta para a construção de um espaço afetivo e ético, como propõe Arendt ao pensar o amor como presença que respeita o outro em sua liberdade.

 

Quero você todo pra mim
Quero você no compasso
Do amor que dança sem fim
No embalo de um forte abraço

 

Aqui, o amor é ritmo — é dança e abraço. Ele não se fecha sobre si, mas se projeta no tempo, como um movimento contínuo. Arendt distingue entre o amor que edifica o mundo e o amor que o nega; nesta estrofe, temos um amor que edifica — dança no mundo, entre sujeitos.

 

Franklin veria essa dança como uma metáfora da existência: viver é mover-se com o outro, interpretar cada passo, cada compasso, como revelação de sentido.

 

Refrão

 

Quero o sol iluminando a noite
Quero teu riso feito açoite
Quero a lua escurecendo o dia
Quero você, minha poesia

 

O refrão intensifica o paradoxo: luz e sombra, riso e dor, sol e lua em lugares invertidos. Trata-se de uma inversão simbólica da ordem natural, que revela a potência transformadora do amor. Arendt nos lembra que a natalidade é o surgimento do novo — e aqui o novo se manifesta como desejo que rompe expectativas e inaugura significados.

 

O “riso feito açoite” marca o amor como aquilo que, mesmo prazeroso, fere e transforma — uma ferida que revela. Para Franklin, isso é expressão do amor como sofrimento significativo: não sofrimento inútil, mas aquele que abre a alma ao mundo e ao outro.

 

Parte 2

 

Quero você todo pra mim
Na batida do coração
Dançando, tocando assim
Nos passos da nossa canção

 

Aqui, o coração torna-se métrica do afeto — o corpo e o tempo se unem num gesto de presença compartilhada. A dança, de novo, simboliza a construção de sentido na relação, não como domínio, mas como reciprocidade sensível. Para Arendt, esse amor não escapa ao mundo: ele faz mundo.

 

Franklin vê o toque como ato interpretativo — tocar é conhecer, é um gesto hermenêutico: o corpo como linguagem que lê e escreve o outro.

 

Quero você todo pra mim
No calor de cada olhar
Beijos, amassos sem fim
Na vontade de te amar

 

O amor aqui é desejo encarnado — não apenas impulso, mas vontade consciente, escolha contínua. Amar é querer e sustentar esse querer no tempo, o que ecoa a noção de promessa arendtiana: no mundo da incerteza, a promessa é o que dá continuidade ao vínculo humano.

 

Parte 3

 

Se o mundo gira o contrário
Ainda vou querer te encontrar
No silêncio de um abraço
No tempo que insiste em parar

 

Esta parte é crucial. Mesmo que a realidade se inverta, o desejo de encontrar o outro resiste. Arendt fala da ação como força que desafia a lógica impessoal da história — o amor aqui é ato político-existencial, reafirmação do humano em meio à entropia do mundo.

 

O “silêncio de um abraço” se opõe ao ruído da vida cotidiana — é pausa, é templo. Para Franklin, esse instante é um acontecimento hermenêutico: o tempo se suspende, e a experiência do amor se torna poética e sagrada.

 

Refrão Final

 

Quero o sol iluminando a noite
Quero teu sorriso feito açoite
Quero a lua escurecendo o dia
Quero você, minha poesia

 

A repetição do refrão, agora final, fixa o amor como poesia encarnada, expressão máxima da existência interpretada. Franklin diz: viver é interpretar — e aqui, o “você” é o poema que dá forma ao ser.

 

O Amor na Canção

 

Para nós, maçons, que buscamos a constante elevação do espírito e a construção de um mundo mais justo, as reflexões sobre o amor e a ação ressoam profundamente em nossa jornada. As ideias de Hannah Arendt e Franklin Leopoldo e Silva, reinterpretadas à luz de nossos princípios, oferecem uma rica tapeçaria para a meditação.

 

Hannah Arendt: O Amor como Ação no Mundo

 

A irmã Hannah Arendt nos lembra que o amor, em sua essência, não é uma reclusão sentimental, mas sim uma ação vibrante no mundo. Ele se manifesta na tessitura dos laços que construímos, na linguagem que usamos para comunicar nossos ideais e nas promessas que fazemos uns aos outros e à humanidade. Não se trata de uma fusão que anula as individualidades, mas sim de uma convivência harmoniosa onde cada um, em sua singularidade, contribui para o todo.

 

Para nós, maçons, isso se traduz no compromisso com o trabalho em loja, onde a união de indivíduos diversos, com seus talentos e perspectivas únicas, gera um corpo coeso e forte. O amor arendtiano é um ato inaugural, um poder intrínseco de recomeçar, mesmo diante das adversidades e dos tempos sombrios que por vezes pairam sobre a humanidade. É a capacidade de sempre vislumbrar a luz, de iniciar novos projetos e de persistir na busca pela verdade e pelo aperfeiçoamento.

 

Franklin Leopoldo e Silva: A Canção como Hermenêutica Vivida

 

O irmão Franklin Leopoldo e Silva nos convida a uma compreensão ainda mais profunda do amor, utilizando a metáfora da canção como hermenêutica vivida. Ele nos ensina que o outro é um texto que lemos não apenas com a razão, mas com todo o nosso ser: com o corpo, com o gesto e com o tempo que dedicamos a compreender.

 

Amar, nesse sentido, é uma arte de dar sentido à vida em forma de poesia. É a busca constante por interpretar o mundo, mesmo em seus paradoxos e aparentes contradições. Para nós, maçons, essa "leitura" do outro é fundamental para a prática da fraternidade. Significa ir além das aparências, buscar a essência de cada irmão, compreender suas lutas e celebrar suas vitórias. É reconhecer que, mesmo nas diferenças, existe uma unidade maior que nos conecta.

 

Ao unirmos essas perspectivas, percebemos que o amor, em nossa tradição, é um motor para a ação transformadora e para a compreensão profunda. É a força que nos impulsiona a construir pontes, a decifrar os mistérios do universo e a edificar um legado de luz para as futuras gerações.

 

Como essas ideias ressoam em sua própria jornada maçônica, irmão?

 

Hiran de Melo

Presidente da Excelsa Loja de Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog