Álbum Lições do Cotidiano – Faixas 01 e 02


Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=IQFdhrAp0Po

 

Pela tarde

 

Caminhando de mãos dadas

Na areia molhada

Sentindo o teu calor

É que sinto tanto amor

Pela tarde, pela tarde

 

Ah! Que bom está aqui

Sentindo o teu ardor

Sentindo o teu amor

Nesta tarde, nesta tarde.

 

Caminhando de mãos dadas

Os pés banhados pelo mar

Sentido o teu calor

É que sinto tanto amor

Pela tarde, pela tarde

 

Ah! Que bom está aqui

Sentindo o teu ardor

Sentindo o teu amor

Nesta tarde, nesta tarde.

 

Os teus olhos sorrindo para mim

Os teus olhos sorrindo para mim.

 

Composição – Hiran de Melo

Intérprete - Boy

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 01 do Álbum Lições do Cotidiano – 2024/2025

https://www.youtube.com/watch?v=IQFdhrAp0Po

Faixa 02 – Instrumental

https://www.youtube.com/watch?v=rL1LHMRKUkI

https://www.youtube.com/watch?v=twoGYQLnsqE

 

Anexo 01

 

Depoimento do Poeta: Pela tarde

 

"Pela Tarde" é um convite à contemplação do amor em sua forma mais simples e genuína. Busquei capturar a beleza de um momento compartilhado, a sensação de paz e felicidade que surge da união com a pessoa amada.

 

A canção se inicia com a imagem de um passeio à beira-mar, um cenário que evoca romantismo e tranquilidade. "Caminhando de mãos dadas/Na areia molhada" são versos que transmitem a sensação de proximidade e intimidade. O calor do outro, o contato físico, desperta um sentimento de amor profundo.

 

A repetição do verso "Pela tarde, pela tarde" funciona como um mantra, um eco da felicidade que preenche o momento. A tarde se torna um símbolo do amor, um tempo especial dedicado à união e à celebração do sentimento.

 

A sensação de bem-estar é intensificada nos versos seguintes, com a menção ao "ardor" e ao "amor" do outro. A natureza se torna cúmplice do momento, com o mar banhando os pés dos amantes e o sol aquecendo seus corpos.

 

O ápice da canção é marcado pela imagem dos "olhos sorrindo", um gesto que expressa a felicidade e a cumplicidade do casal. O sorriso se torna um símbolo do amor, uma linguagem universal que transcende as palavras.

 

"Pela Tarde" é uma canção que celebra o amor em sua forma mais pura e simples. É um convite para apreciar os pequenos momentos da vida, para se conectar com a natureza e com a pessoa amada. É uma canção que nos lembra que o amor é a força mais poderosa do universo, capaz de transformar um simples passeio em um momento mágico.

 

Anexo 02

 

Amor, Presença e Tempo: Uma Leitura Filosófico-Hermenêutica da Canção “Pela Tarde”

 

Por Hiran de Melo

 

Na moldura delicada da canção popular brasileira, habita uma filosofia viva — feita não de conceitos, mas de ritmo, silêncio e imagem. “Pela tarde” é uma dessas joias quase sussurradas, onde o amor à beira-mar se revela como símbolo do estar-com-o-outro, da experiência do tempo e da epifania do instante.

 

O pensamento de Hannah Arendt, com sua ênfase na natalidade, na ação e no espaço compartilhado, dialoga aqui com a escuta hermenêutica de Franklin Leopoldo e Silva, cuja filosofia nos ensina a ler na linguagem poética uma abertura do ser — uma vibração de sentido que o cotidiano, por vezes, encobre.

 

1. Mãos dadas na areia: o entre como lugar do amor

 

A primeira imagem da canção é de simplicidade desarmante: dois corpos que caminham de mãos dadas pela areia molhada. Mas essa singeleza guarda um gesto inaugural. Andar juntos, assim, lado a lado, é mais do que ternura — é coabitar o mundo, fundar um espaço onde o amor não se fecha em si, mas se desdobra como presença partilhada.

 

A areia, úmida e fugidia, recorda o chão instável da liberdade. O gesto humano, ao contrário, se firma: mãos entrelaçadas criam uma ponte entre dois mundos, entre dois tempos. A pluralidade se encarna nessa imagem, revelando o amor como aquilo que se dá no entre — não fusão, mas convivência. E a tarde, que se repete como refrão, não é apenas cenário: é temperatura da alma, dobra do tempo onde tudo se torna mais íntimo e mais real.

 

2. O instante que floresce: tempo sentido, tempo revelado

 

“Ah! Que bom estar aqui” — o verso irrompe como quem, subitamente, se dá conta da própria presença. Há algo de nascimento nesse dizer: como se o agora se abrisse como flor, único e irrepetível. Não é o tempo do relógio que se conta, mas o tempo que se vive — aquele que nos atravessa e nos transforma.

 

O instante não foge, não escapa: ele se fixa na memória como uma eternidade breve. O nomear — esse simples ato de dizer “aqui” — torna o presente algo que pulsa e permanece. O amor, vivido no instante, não é projeção ou saudade: é acontecimento. E como todo acontecimento verdadeiro, carrega consigo o novo.

 

3. O mar: espelho da alteridade e do mistério

 

E então vem o mar. Sempre ele, símbolo do que escapa, do que excede. Diante de sua imensidão, o amor não se afirma como posse, mas como entrega. O corpo toca a água como quem reconhece a vida como travessia. Não há domínio, há exposição. Estar junto, nessa paisagem, é saber-se vulnerável, aberto, em contato com o que é maior do que nós.

 

O mar não é apenas pano de fundo, é personagem silencioso: evoca o fluxo da existência, a matéria do tempo. Os pés molhados afirmam o compromisso do amor com o real — com o corpo, com a impermanência, com o mundo.

 

4. O sorriso: o outro como luz e revelação

 

A canção se encerra com um olhar: “Os teus olhos sorrindo para mim.” Nada mais é dito — e nada mais é necessário. O sorriso, aqui, é epifania: não apenas expressão de afeto, mas reconhecimento. Ser visto com alegria é ser confirmado no mundo. É aparecer como quem importa.

 

O sorriso, repetido, torna-se oração — celebração do outro como revelação. E, nesse ato silencioso, compreendemos: cada olhar que sorri é uma forma de nascer. A tarde, então, já não é só tempo: é rito. É iniciação na beleza da presença partilhada.

 

5. Conclusão: o instante como templo

 

“Pela tarde” é mais do que uma canção de amor. É uma meditação leve e profunda sobre o estar-com, sobre o tempo como morada e o amor como linguagem do mundo. Ensina que o instante vivido com presença não é pequeno — é o próprio lugar onde o ser se revela.

 

Há, para quem ouve com atenção filosófica, um convite escondido em cada verso: a aprender com a simplicidade, a encontrar sentido no gesto, a ver no cotidiano a luz do eterno. Amar, afinal, é aparecer com o outro no mundo — com os pés na areia, o corpo no tempo, e os olhos cheios de tarde.

 

Para o poeta — e para o iniciado — essa canção pode servir de bússola: lembra que o caminho é feito de presença, que há verdade no toque, e que, por vezes, um simples “ah!” pode conter toda a profundidade do ser.

 

Hiran de Melo


Presidente da Excelsa Loja de Perfeição “Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba, Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.



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