Álbum Inteiro e Verdadeiro – Faixas 05 e 06

 Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=YsffXcTnfRM

 

Terra prometida

 

Quero zelar

Quero ferir

 

Quero ficar

Quero partir

 

VOCAL

Tudo quero

Nada quero

 

Na terra prometida

Viver e morrer crucificado

 

Nada me foi dado

Tudo foi tomado

 

VOCAL

Inocente morrer, quimera

Para isso fazer, guerra

 

Sorriam Bons Dias

Chorem Messias

 

Tudo é recado

Nada é pecado

 

Profetas e profecias

Pastores e heresias

 

Tudo é recado

Nada é pecado

 

VOCAL

Razão, tudo é régua

Ilusão, tudo é névoa

 

Composição -  Hiran de Melo & Boy

Intérpretes: Boy & Bielzin

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 05 do Álbum Inteiro e Verdadeiro – 2023/2024

Vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=YsffXcTnfRM

Faixa 06 do Álbum Inteiro e Verdadeiro – 2023/2024

Instrumental

https://www.youtube.com/watch?v=ajpRomHVfZc

 

Anexo:

 

Terra prometida: Leitura do Poeta

 

 “Terra Prometida” nasceu de uma reflexão profunda sobre as contradições da vida, do ser humano e das buscas espirituais. A canção é um grito de questionamento, mas também de aceitação da complexidade e da ambiguidade das nossas existências. O título já carrega um peso simbólico, pois a "terra prometida" é uma metáfora tanto para um ideal utópico quanto para um destino inevitável, muitas vezes envolto em sacrifícios, renúncias e até sofrimentos.

 

A primeira parte do poema, onde digo “Quero zelar / Quero ferir / Quero ficar / Quero partir”, reflete a dualidade das nossas vontades, que estão sempre em conflito. A vida é uma constante escolha entre opostos, e muitas vezes, sentimos esses desejos contraditórios de permanência e afastamento, de cuidado e destruição. “Tudo quero / Nada quero” reforça essa ideia de que somos simultaneamente infinitamente desejosos, mas também, em alguns momentos, completamente indiferentes. Isso fala de uma busca que é ao mesmo tempo insaciável e vazia – como se não soubéssemos exatamente o que queremos, mas ainda assim desejássemos com intensidade.

 

No vocal, a afirmação “Na terra prometida / Viver e morrer crucificado” traz à tona o peso do sacrifício. A "terra prometida", mais do que um lugar de conforto e paz, é aqui uma terra de sofrimento, onde as promessas podem se tornar fardos. A crucificação, símbolo de dor e renúncia, é a metáfora de que, muitas vezes, as conquistas espirituais ou materiais vêm acompanhadas de sacrifícios profundos.

 

Em “Nada me foi dado / Tudo foi tomado”, há uma crítica à ideia de que a vida e as recompensas espirituais são devidas a nós, quando na realidade, tudo parece ser fruto da luta e do esforço pessoal. Não há presente sem esforço, e, de certa forma, a vida é um constante “tomar e dar”. As palavras “inocente morrer, quimera” no vocal falam dessa luta pela pureza ou redenção que parece ilusória, uma fantasia que nos leva a agir de maneiras extremas, como a guerra. É um alerta sobre o preço das nossas crenças e como podemos nos perder na busca por uma verdade absoluta.

 

O verso “Sorriam Bons Dias / Chorem Messias” traz uma ironia sobre como as pessoas se apegam a ideais religiosos ou espirituais, exaltando figuras messiânicas, mas muitas vezes ignorando os sacrifícios reais que esses ideais exigem. “Tudo é recado / Nada é pecado” sugere que as mensagens que recebemos da vida, seja por meio de profetas, líderes ou até mesmo nossas próprias consciências, são muitas vezes manipuladas, distorcidas, ou interpretadas de maneiras que nos convêm. Nada é absolutamente certo ou errado, mas tudo é uma questão de interpretação e contexto.

 

Profetas e profecias / Pastores e heresias” coloca em confronto a autoridade religiosa e suas contradições. Por um lado, há a figura do profeta, que transmite uma verdade divina; por outro, a heresia, que desafia essa autoridade, criando uma tensão entre fé e dúvida, conformidade e resistência. O jogo entre “tudo é recado / nada é pecado” permanece, sugerindo que as mensagens espirituais podem ser, de alguma forma, enganosas ou inconclusivas.

 

A última parte, onde canto “Razão, tudo é régua / Ilusão, tudo é névoa”, é uma reflexão sobre a razão e a ilusão humanas. A razão é como uma régua que tenta medir a realidade, enquanto a ilusão é a névoa que obscurece nossa compreensão do mundo. A vida, muitas vezes, é um jogo entre clareza e confusão, e é através dessa luta entre o certo e o incerto que tentamos encontrar nosso caminho.

 

“Terra Prometida” é, portanto, uma composição que questiona, desafia e, ao mesmo tempo, aceita as contradições do ser humano e da vida. A busca por sentido, a luta por uma verdade, a aceitação do sofrimento como parte do processo, tudo isso é parte de nossa jornada. Não há respostas fáceis, e talvez seja justamente nessa incerteza que reside a verdadeira experiência da vida.

 

Poeta Hiran de Melo

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