Álbum Forrozando com Rebocal – Faixa 5, Vol. 2


Gado Bravo

 

Terra seca

Gado bravo

Morrendo de sede

Esperando pasto

 

Eita chuva que não chega

Eita gado que se acaba

Eita tempo longo de seca

Eita terra que não encharca

 

Eita mundo dividido

Eita meu sertão sofrido

Eita cabra de coragem

Não me calo com pouco

Nem tão pouco iludido.

 

Composição:  Majda Hamad Pereira

Interprete: Gegê Bismarck

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 06 do Álbum Forrozando com Rebocal 2013

 

Anexo

 

Depoimento de um admirador da poesia

" Gado Bravo"

 

Quando leio 'Gado Bravo', sou imediatamente transportado para um sertão quente e árido, onde a luta pela sobrevivência se mistura com a resistência silenciosa dos que vivem na terra. A poesia tem um peso emocional tão grande que sinto o calor da seca, o sofrimento do gado e a angústia de quem vê o tempo passar sem a ajuda da chuva. É como se cada palavra estivesse impregnada de um sentimento de espera, de algo que nunca chega, mas que ainda mantém a esperança viva, mesmo que de forma dolorida.

 

A repetição das palavras 'Eita' cria um ritmo forte, quase como um grito, um lamento. É o som da terra que geme sob o peso da seca, da espera pelo que parece impossível de chegar. O 'gado bravo', 'morrendo de sede', é uma metáfora poderosa para tantas pessoas e tantas vidas que enfrentam a dura realidade da falta de recursos, da ausência de condições mínimas para sobreviver.

 

Mas o que mais me toca é a força que se esconde entre essas palavras. A 'cabra de coragem' e a frase 'não me calo com pouco / Nem tão pouco iludido' falam diretamente ao coração, como se a poetisa estivesse dizendo que, apesar da adversidade, não há espaço para o desânimo, que o sertanejo, por mais que sofrido, mantém sua dignidade e sua bravura intactas. O 'mundo dividido' é um lembrete da desigualdade, mas também da força de quem enfrenta essa divisão sem se render, sem se calar.

 

Esta poesia é um retrato de resistência e de coragem, uma reverência àqueles que não se deixam derrotar pela seca, pela falta de justiça ou pela dureza da vida. E mesmo no meio de tanto sofrimento, há algo poderoso na maneira como o autor transmite essa energia de luta, de quem acredita que a luta vale a pena, mesmo quando tudo ao redor parece estar desmoronando.

 

Poeta Hiran de Melo

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