Álbum Veraneio Intermares 2020 – Faixa 10

Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=zv-xzsfcW_s

 

Apocalipse do desejo

 

Muitas vezes você chega

Como uma brisa fresca e gostosa

Deixando a minha alma livre e o meu corpo leve

 

Outras vezes você chega

Como o vento do norte

Trazendo trovões e relâmpagos

Deixando o corpo acordado

E a alma iluminada

 

É tempo de escuta e de visão

Tempo de revisar conceitos e atitudes

Fazendo círculos e mais círculos entorno de sua imagem

 

Procurando novos ângulos de lhe enxergar

Como se tudo o que eu preciso saber esteja em você

Então, o vento me deixa fixo, parado no tempo

 

Fecho os antigos sentidos para deixar

Que se manifeste o novo

Não é hora de ir em frente

Sem analisar o caminho percorrido

 

Sinto o seu cheiro e tem gosto fértil

Excita-me por completo e aceito

O meu destino de multiplicador da vida

 

Não há como falar de você

Sem revelar o que você faz em mim

Você é assim, do jeito que Deus lhe fez

Corpo perfeito do símbolo chinês

Você é como seta que indica o caminho do meio

O Tao da vida

 

Você é a menina que veio e vem de longe

Algo que chega e parte

Vai e volta, como tudo que tem vida

 

Tendo cumprido a minha missão

Você é presença que fica como uma dádiva divina

Você toca música como os pássaros e sorrir feito criança

Você indica leituras maravilhosas e sorrir feito adulta

Você abre janela suavemente

E fecha com a força de um vulcão ativo

E tudo pode acontecer em um abrir e fechar de olhos

 

De repente, mais do que de repente

Como diz o poeta, tudo no mar fica parado

E, então, o meu barco que é movido

Ao seu hálito fica à deriva

 

Preciso do socorro dos poetas para revelar

Um pouco de você

Preciso do socorro dos amantes para aceitar

Você como você é

 

Não há como falar de você

Sem revelar o que você faz em mim

Você é assim, do jeito que Deus lhe fez

Corpo perfeito do símbolo chinês.

Você é como seta que indica o caminho do meio

O Tao da vida

 

Você é a menina que veio e vem de longe

Algo que chega e parte

Vai e volta, como tudo que tem vida

 

Composição -  Hiran Melo & Bielzin

Intérprete: 🎤 Bielzin

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 10 do Álbum Veraneio Intermares 2020

Publicado no blog: Álbuns – Letras de Músicas

https://poetahiran.blogspot.com/2022/03/album-veraneio-intermares-2020.html

Vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=zv-xzsfcW_s

 

Anexo

 

Depoimento do poeta: Apocalipse do Desejo

 

"Apocalipse do Desejo" é uma reflexão poética sobre o poder do desejo, da transformação e do impacto profundo que uma presença pode ter na vida de alguém. O poema busca explorar os altos e baixos das emoções e experiências intensas, algo que é tanto revigorante quanto desafiador. Ele reflete sobre a dualidade da natureza do desejo, onde ele pode ser suave e libertador, mas também devastador e tumultuado.

 

O título, "Apocalipse do Desejo", já indica a intensidade das emoções em jogo. Não se trata de um fim do mundo literal, mas de uma revelação, um desvelar da força transformadora do amor. O poema se estrutura em torno dessa dualidade, alternando entre momentos de calma e tempestade.

 

A primeira parte do poema nos apresenta uma metáfora poderosa: o desejo que chega como uma "brisa fresca e gostosa" e depois se transforma em uma força tempestuosa, "como o vento do norte", trazendo "trovões e relâmpagos".

 

Isso simboliza a ambiguidade do desejo — às vezes suave e prazeroso, às vezes avassalador e caótico. A oposição entre a leveza e a tempestade cria uma sensação de constante movimento e tensão emocional. O desejo aqui não é algo fixo ou estático; ele é dinâmico, mutante, capaz de transformar o corpo e a alma de quem o experimenta.

 

O poema se torna mais introspectivo à medida que avança, convidando o eu lírico a "revisar conceitos e atitudes", fazendo "círculos e mais círculos em torno de sua imagem". Esse momento de contemplação e reflexão sugere que o desejo também traz consigo a necessidade de questionamento e autoconhecimento. Ao procurar "novos ângulos de lhe enxergar", o sujeito tenta entender melhor esse desejo, como se ele fosse a chave para compreender algo maior sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.

 

Há também uma dimensão de aceitação no poema. O eu lírico não só sente o desejo, mas também se submete a ele, aceitando sua natureza transformadora. "Sinto o seu cheiro e tem gosto fértil", declara, o que remete à ideia de um desejo que não apenas excita, mas que também nutre e dá origem a algo novo. Ele fala de se entregar ao destino de "multiplicador da vida", o que poderia ser interpretado como a aceitação do desejo como força criadora, uma energia que gera e renova continuamente.

 

O poema avança para descrever essa presença como algo divino, quase místico, como uma "dádiva divina" que traz "música como os pássaros" e "sorrir feito criança". Essa figura é quase uma personificação do desejo idealizado, que é ao mesmo tempo inocente e poderosa, simples e profunda.

 

A comparação com o "símbolo chinês" e a referência ao "Tao da vida" associam o desejo à filosofia taoista, em que se busca o equilíbrio perfeito, o caminho do meio, sem extremos. A presença do desejo é vista como algo que aponta para um caminho de harmonia, de auto compreensão e de aceitação da vida como ela é.

 

No entanto, o poema também traz a sensação de transitoriedade e da inevitabilidade do ciclo. A presença do desejo chega e parte, "como tudo que tem vida", um lembrete de que nada é eterno e que o desejo, como a vida, está sempre em fluxo. Essa efemeridade é reforçada pela imagem do "barco que é movido / ao seu hálito" e fica à deriva. O desejo pode deixar o sujeito perdido, sem direção, mas também em constante movimento e transformação.

 

O final do poema, onde o eu lírico reconhece que precisa "do socorro dos poetas" e "dos amantes para aceitar" esse desejo como ele é, revela a dificuldade de lidar com essa força poderosa. O desejo, com todas as suas complexidades, exige ajuda para ser entendido e aceito. No entanto, a aceitação parece vir com a compreensão de que o desejo é tanto algo externo quanto interno — ele existe fora de nós, mas também nos molda e nos redefine.

 

"Apocalipse do Desejo" é, assim, um poema sobre a intensidade do desejo e seus efeitos no ser humano. Ele nos leva a refletir sobre como o desejo pode ser tanto uma fonte de prazer quanto de tumulto, e como ele é uma força que exige de nós aceitação, compreensão e, por vezes, ajuda externa para ser plenamente vivido. Ao mesmo tempo, o poema celebra a beleza e a transcendência que o desejo pode proporcionar, convidando-nos a abraçar essa energia vital e transformadora com abertura e confiança.

 

Poeta Hiran de Melo

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