Álbum Veraneio Intermares 2020 – Faixa 11

Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=yuRZ65slufQ

 

A paixão da gente

 

A paixão da gente não nasceu para morrer

Ela é quem faz o sangue nas minhas veias fluir

Ela coloca o ar nos meus pulmões e no meu gemido

Sem ela sou uma leve fumaça de uma lenha que queimou

Sem ela sou como um balão que subiu

E sumiu no entardecer

 

Ela é o universo e o inverso, é o múltiplo

Ela é única, ela é o advir sorrindo

Ela é você, menina manhosa, caprichosa

Generosa que me deixa fluindo

 

A paixão da gente nasceu para levar a luz ao caminho

Do andarilho, do vespertino, do navegante, do sonhador

Ela é a fonte, é o rio, é o leito, é nós que nela nos purificamos

Ela repõe as energias, as esperanças, as alianças no devido ninho.

Sem ela sou uma leve brisa, anúncio de uma furação, que tudo negou

Sem ela não haverá horizonte, nem porto puro e seguro ao navegador

 

Ela é o universo e o inverso, é o múltiplo

Ela é única, ela é o advir sorrindo.

Ela é você, menina manhosa, caprichosa

Generosa que me deixa fluindo

 

Hoje assisto a uma procissão de pássaros tristes e silenciosos

Hoje resisto em reconhecer que tudo se perdeu na tempestade

Hoje os versos se negam a cantar a bonança, a alegria e a felicidade

Hoje as igrejas estão fechadas, velas apagadas e os fiéis misteriosos

Hoje as flores do “jardim de cada um” não exalam perfumes refrescantes

Hoje um vazio se apoderou dos oceanos, barcos e velas estão agonizantes

Hoje, alguém gritou aos ventos, às alturas das nuvens, a paixão da gente, um mundo novo inaugurou

 

Composição -  Hiran Melo & Bielzin

Intérprete: 🎤 Bielzin

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 11 do Álbum Veraneio Intermares 2020

Publicado no blog: Álbuns – Letras de Músicas

https://poetahiran.blogspot.com/2022/03/album-veraneio-intermares-2020-paixao.html

Vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=yuRZ65slufQ

 

Anexo

 

Depoimento do poeta: A paixão da gente

 

“A Paixão da Gente" é um poema que explora a força vital e transformadora da paixão, enquanto um sentimento fundamental e imensurável que nos conecta com o mundo ao nosso redor. A paixão aqui não é apenas um sentimento fugaz, mas uma energia quase divina, capaz de dar significado e propósito à vida, agindo como um catalisador de emoções, movimentos e renovações.

 

Desde o começo, a paixão é descrita de maneira poderosa e essencial. O verso "A paixão da gente não nasceu para morrer" já indica a imortalidade do sentimento, algo que não tem fim, que transcende e se refaz constantemente. A paixão é comparada ao sangue nas veias, ao ar nos pulmões — sem ela, a vida se tornaria vazia e sem direção, como uma "leve fumaça de uma lenha que queimou" ou um "balão que subiu / E sumiu no entardecer". Essas imagens evocam a ideia de que, sem paixão, somos como algo sem forma ou propósito, sem substância verdadeira.

 

O poema também explora a dualidade da paixão, que é ao mesmo tempo "o universo e o inverso, o múltiplo", o que a torna uma força contraditória e multifacetada. Ela é "única", mas, ao mesmo tempo, tem a capacidade de se manifestar em várias formas, refletindo sua complexidade e natureza dinâmica. A paixão é simultaneamente uma força criadora e destruidora, capaz de nos elevar ao mais alto e de nos fazer cair nas profundezas da dor ou da perda, como será visto na parte final do poema.

 

A paixão é apresentada como algo que purifica, que dá direção e esperança: "Ela é a fonte, é o rio, é o leito, é nós que nela nos purificamos". Ela é o que nos dá forças para seguir em frente, para enfrentar os desafios da vida, sendo também uma forma de renovação constante, uma fonte de energia e de inspiração. Sem paixão, não há sentido ou direção, como sugerido pela imagem do "navegador" perdido sem horizonte ou porto seguro. Isso remete à ideia de que a paixão é o que mantém as coisas em movimento, é o combustível da jornada humana.

 

No entanto, o poema também contém uma mudança de tom na estrofe final, onde há uma sensação de perda, de algo que foi destruído. A referência à "procissão de pássaros tristes e silenciosos" e à "tempestade" sugere que a paixão, embora forte, também pode ser efêmera, e sua falta pode deixar um vazio profundo. As "igrejas estão fechadas, velas apagadas", e o "vazio se apoderou dos oceanos" mostram um mundo onde a paixão, o amor e a fé parecem ter sido extintos ou silenciados.

 

Esse contraste entre a celebração da paixão como força vital e sua ausência profunda é uma reflexão sobre a vulnerabilidade humana e a fragilidade das emoções que nos sustentam. O último verrso, no entanto, sugere uma esperança: "Hoje, alguém gritou aos ventos, às alturas das nuvens, a paixão da gente, um mundo novo inaugurou." Isso pode ser interpretado como um renascimento, uma possível recuperação da paixão, que novamente se manifesta como uma força criadora e transformadora, capaz de inaugurar um "mundo novo", mesmo após a tempestade.

 

Em "A Paixão da Gente", o poema nos convida a refletir sobre a importância da paixão em nossas vidas — uma força que, quando presente, é vital e renovadora, mas que também pode ser perdida, deixando-nos à deriva. Contudo, a mensagem final é de esperança: a paixão sempre retorna, sempre reinventa, sempre nos oferece a possibilidade de um novo começo. O poema é, portanto, uma celebração da vida, do amor e do poder transformador da paixão, que nos permite continuar a jornada, mesmo quando o caminho parece incerto.

 

Poeta Hiran de Melon de Melo de Melo – Mestre Instalado

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