Álbum Veraneio Intermares 2020 – Faixa 03
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=v-GVuMKXZws&t=40s
Aonde
estás, agora?
Vejo o teu vulto, Miragem
Na fragmentada memória
Entre um vacilo e outro
Busco o abraço nas sombras.
Aonde estás, agora?
Num trem doido
Nos espinhos das flores
Da planta sem nome
Aonde estás, agora?
Nas asas que voam
Nos bicos que cantam
Os sonhos em vão
Vejo o teu vulto, Miragem
Na fragmentada memória.
Entre um vacilo e outro
Busco o abraço nas sombras.
Aonde estás, agora?
Só sei, que não sei
Mesmo assim escuto
As tuas palavras
Na tua voz carinho
A ilusão que se foi.
Composição
- Hiran de Melo & Hian de Melo
Intérprete:
🎤 Boy
Arranjos
e Gravação: Studio Washington Boy
Faixa 03 do Álbum Veraneio Intermares 2020
Publicado no Blog Abertura
ao Diálogo:
Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=v-GVuMKXZws&t=40s
Anexo
Depoimento do poeta: Aonde estás, agora?
"Aonde Estás, Agora?" é uma composição que
nasceu de um sentimento de saudade, de uma busca por algo que já se foi, mas
que ainda está presente na memória e no coração. O poema expressa essa procura
incessante por alguém ou por algo que não conseguimos mais alcançar, mas que
está tão intimamente ligado a nós, como uma lembrança persistente.
Na primeira estrofe, falamos da memória como uma
'fragmentada', algo que está se dissipando com o tempo, mas que, mesmo assim,
ainda tem a capacidade de nos transportar para o passado. O 'vulto' é uma
figura que aparece e desaparece, quase como uma sombra, refletindo a sensação
de que aquilo que buscamos está sempre um passo à frente, fora de alcance.
'Entre um vacilo e outro', há a tentativa de recuperar algo perdido, um esforço
para agarrar o que escapa, como uma lembrança que nos deixa, mas que continua
nos assombrando de uma forma suave.
A indagação "Aonde estás, agora?" é o
grito dessa busca, o questionamento constante de onde a pessoa ou o sentimento
foi, e como se lidar com a ausência. Nas estrofes seguintes, a busca se expande
para imagens poéticas que representam a dificuldade de encontrar algo fixo,
como o "trem doido", que simboliza o movimento incessante e caótico
do pensamento e da vida, e os "espinhos das flores", que sugerem que
o que era belo também traz dor.
O poema também se aproxima da natureza, com imagens
como a "planta sem nome", que remete ao vazio da falta de
identificação, como se a saudade fosse algo que não pode ser nomeado, algo que
escapa das nossas definições. No entanto, apesar de tudo, a natureza – as
"asas que voam" e os "bicos que cantam" – continua a ser um
símbolo de continuidade, de movimento e de tentativa de conexão, ainda que o
sonho ou a busca por algo pareça em vão.
No final, há uma aceitação de que não sabemos onde a
pessoa está, mas que, de alguma forma, ainda ouvimos a sua voz. A ilusão se
foi, mas ela deixou algo atrás: uma memória, uma sensação, uma impressão. E,
por mais que o ser amado ou o momento perdido se tenha transformado em algo
irreconhecível, ainda há um eco dessa presença, mesmo que seja apenas uma
'ilusão que se foi'.
A composição, portanto, é uma reflexão sobre a
memória, o amor perdido e a saudade que, embora nos leve para um lugar de
incertezas e vazios, também nos dá momentos de beleza e de presença – mesmo que
apenas nas sombras. A busca nunca é completamente em vão, porque, de algum
jeito, o que ficou ainda fala conosco, de maneira sutil, mas constante.
Poeta Hiran de Melo

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