Álbum Veraneio Intermares 2020 – Faixa 05

Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=XKYfmZ5woZI

 

Abraços, traços e laços

 

Tentei te segurar com todos os abraços

Amarrei teu nome com laços e traços

Lancei mãos de todos os argumentos

Clamei aos Deuses dos firmamentos

(Coral)

Nada adiantou

Ela se foi, por fim

Como chegou.

 

Uma miragem de prazer eterno

No mar azul, terno e manso

Fez-se um maremoto bravo

Uma realidade tal qual o inferno.

(Coral)

Nada adiantou

Ela se foi, por fim

Como chegou.

 

Tentei me desviar de todos os abraços

Lancei fora todos os teus juramentos

Clamei ao Deus além dos firmamentos

Amei alguém com diferentes traços.

(Coral)

Tudo adiantou

Ela por fim

Voltou.

 

A paz reinou na terra novamente

Sorrisos iluminaram todos os lugares

Os Deuses cantaram em todos os altares

Tudo não passa de confusão na minha mente.

(Coral)

Tudo adiantou

Ela por fim

Voltou.

 

Composição -  Hiran de Melo & Boy

Intérprete: 🎤 Boy

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 05 do Álbum Veraneio Intermares 2020

Publicado no blog: Álbuns – Letras de Músicas

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XKYfmZ5woZI

 

Anexo

 

Depoimento do poeta: Abraços, traços e laços

 

"Abraços, traços e laços" é uma composição sobre a luta interna e emocional de tentar reter algo ou alguém que, por mais que tentemos, não conseguimos segurar completamente. A música gira em torno da ideia de apego, da tentativa de controle e, ao mesmo tempo, da aceitação de que as coisas acontecem de forma inevitável.

 

A primeira estrofe fala de uma tentativa desesperada de prender o amor, com 'abraços', 'laços', e 'traços', como se o amor fosse algo que pode ser fisicamente contido e retido por nossos próprios esforços. Os 'argumentos' e a 'prece aos Deuses dos firmamentos' refletem a busca por uma razão ou um poder maior que nos ajude a alcançar o que queremos, seja em um relacionamento ou em qualquer outra situação emocional. Mas, como é revelado no coral, 'nada adiantou'. A personagem tenta de todas as formas, mas a pessoa amada se foi, como chegou – de forma efêmera e irreversível.

 

Na segunda estrofe, a comparação com a 'miragem de prazer eterno' e o 'mar azul, terno e manso' faz com que o amor ou a pessoa amada sejam percebidos inicialmente como algo sereno e perfeito. Mas logo se transforma em algo turbulento e avassalador, como um 'maremoto bravo', uma metáfora para a transformação do prazer e do desejo em dor e confusão, uma 'realidade tal qual o inferno'. É uma imagem forte que expressa o contraste entre o que parece ser a perfeição e o que realmente é, quando nos vemos perdidos em nossas próprias expectativas.

 

Quando o coral repete 'Nada adiantou', fica claro que, por mais que o eu lírico tente controlar, a partida da amada é uma realidade que não pode ser revertida. Ela foi embora, e todo o esforço foi em vão. Porém, como o poema segue, há um ponto de virada na terceira estrofe, quando o eu lírico, agora tentando se afastar dos 'abraços', se liberta das promessas e 'juramentos', e até apela ao 'Deus além dos firmamentos', sugerindo uma busca por algo mais transcendental, mais distante e profundo. A ideia de 'diferentes traços' aponta para uma aceitação de que o amor pode vir de outras formas, de outros seres, e que é possível encontrar paz em uma nova perspectiva.

 

O coral, ao dizer que 'Tudo adiantou', é como um alívio, uma sensação de que, finalmente, as coisas se alinham e, por fim, a amada volta. Essa volta não é necessariamente física, mas como uma metáfora para a reconciliação interna, para a aceitação de si mesmo e dos próprios erros e escolhas. A 'paz' que se segue é a resolução do conflito emocional e a harmonia restaurada, mas, ao mesmo tempo, há um toque de incerteza, pois o eu lírico revela no final que 'tudo não passa de confusão na minha mente'. Isso sugere que, apesar de todo o ciclo de amor, perda e reconciliação, a verdade e a paz interior ainda são fragmentadas e confusas.

 

Essa música, ao longo de seus altos e baixos, reflete sobre os processos emocionais que todos nós passamos – a tentativa de segurar o que é efêmero, a dor da perda, a busca por algo mais profundo, e, finalmente, a aceitação de que a paz muitas vezes vem com a compreensão de que não temos controle absoluto sobre as coisas que amamos. Ela fala sobre os ciclos do amor e da dor, e sobre como tudo isso acaba sendo uma construção interna, onde a mente, os sentimentos e as memórias se entrelaçam para criar uma visão mais complexa da realidade. A confusão, no fim, é parte do processo de aprendizado.

 

Poeta Hiran de Melo

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