Álbum Princesa dos Céus Azuis 2021 – Faixa 06
Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=L0G___zNJhQ
Foi
assim
Foi
assim...
Ele
chegou à praia, meio morto e meio vivo
Respirava
sem acreditar que tinha chegado
Erguendo-se
como quem levanta a própria cruz
Deu
os primeiros passos na areia quente e fofa.
Olha
para os seus pés e enxerga uma sombra bela
Levanta
o olhar e busca a origem do que lhe afeta
Vê-la
como um farol a indicar o rumo da salvação.
Foi
assim...
Como
uma pobre estória de pescador que chega à praia
Sem
peixe, sem água doce, sem nada para contar
Contemplando
o vazio, como quem não mais possui visão
Puxando
o barco para fora, como quem nunca iria voltar.
Respira
profundo e sente o perfume da manhã
Seu
olhar renascido descobre que a fonte é ela
Então,
uma brisa quente consola o seu coração.
Foi
assim...
Como
um peregrino que chega do deserto
Tendo
encontrado a porta que leva ao oásis
Próxima
do seu desejo e tão longe das suas forças
Miragens
tantas, vê sem acreditar na terra prometida.
Ela
passeia pelo jardim, olhos voltados à Imensidão
Nela
encontra um olhar que faz seu coração pedir
Que
Ele se aproxime, que venha e caminhe ao seu lado.
Composição - Hiran de Melo & Boy
Intérprete: 🎤 Boy
& Bielzim
Arranjos e Gravação: Studio
Washington Boy
Faixa 06 do Álbum Princesa dos
Céus Azuis 2021
Publicado no blog: Álbuns –
Letras de Músicas
Vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=L0G___zNJhQ
Anexo
Foi assim: A leitura do poeta
Quando
começamos a trabalhar em "Foi Assim...", queríamos capturar a ideia
de uma jornada espiritual e existencial. A letra é, de certa forma, um reflexo
do processo de autodescoberta, de renascimento. A construção da narrativa
remete a essa figura quase arquetípica que chega ao fim de uma jornada e se
depara com o que parece ser uma nova vida, um novo começo.
A
primeira parte, em que o personagem chega à praia, com a sensação de estar
"meio morto e meio vivo", é um retrato
dessa sensação de exaustão e transformação. A praia, sendo um espaço de limiar
entre o mar e a terra, se torna o cenário perfeito para esse renascimento. O
"levantar a própria cruz" não é apenas
um gesto físico, mas simbólico. Ele representa o peso das experiências passadas
que são superadas, mas que, ao mesmo tempo, moldam a nova jornada.
Quando
ele olha para seus pés e vê uma sombra bela, isso é quase uma revelação. Algo
pequeno, mas significativo. Ele percebe algo além do físico, algo espiritual.
Essa sombra é uma metáfora de algo mais profundo que o atrai, como um farol de
esperança, um sinal de que há um caminho a seguir.
A
segunda estrofe, ao referir-se a uma "pobre
história de pescador", traz à tona a ideia de alguém que, ao se
deparar com o vazio, tenta encontrar algum significado. O "vazio" não é só uma falta de recursos, mas uma
falta de sentido.
No
entanto, a contemplação do vazio também traz uma forma de renovação. É como se
ao tirar o barco da água, ele estivesse se libertando de um passado que o
limitava, para dar espaço a algo novo.
E
então, como em uma jornada de descoberta, o personagem se encontra com o
perfume da manhã, a brisa quente que lhe traz consolo. Isso, para nós,
simboliza o momento de clareza e de renovação. Ele sente, finalmente, a
presença de algo maior, algo que já estava ali o tempo todo, mas que ele não
conseguia enxergar até então.
A
última parte, com a referência ao deserto e o oásis, é uma metáfora do esforço
de seguir adiante, de procurar por algo que nos sustente. O peregrino que
encontra a porta para o oásis é aquele que, após tantas dificuldades,
finalmente enxerga a promessa de algo melhor. A mulher, com seu olhar voltado à
Imensidão, representa essa sabedoria silenciosa e profunda, que parece captar o
que é sagrado e verdadeiro, e que convida o protagonista a se aproximar.
A
música, para nós, é a tentativa de traduzir essa experiência. O encontro de
dois mundos – o da busca e o da revelação. A melodia vai crescendo, com momentos
de tensão, e depois de alívio, refletindo essa jornada entre o sofrimento e a
revelação.
"Foi
Assim" é, em certo sentido, um convite para quem ouve a se permitir viver
suas próprias jornadas de transformação, aceitando o processo de renascimento,
seja ele espiritual, emocional ou existencial.
Poeta Hiran de Melo
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