Álbum Princesa dos Céus Azuis 2021 – Faixa 03
Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=MFWK3t7OM2U
Encontro
com o tentador
Ela
se revestiu de penas de aves raras
Caçadas
por heroicos guerreiros
Com
as penas brancas do seu vestido
Sua
pele de tão alva se confundia
E
assim, toda manhã ela reluzia
Pelo
selvagem campo das araras
Pacificando
o animal mais temido
Com
sua presença nos terreiros.
(Coral)
De
onde virá o príncipe meu?
Por
quê demora tanto?
Venha
dançar comigo!
Venha
ser meu amigo!
Sentir
o sabor do encanto.
O
sol que se escondia entre as nuvens paradas
Iluminava
a manhã, sem provocar ardor
As
árvores respirando com profundo fervor
Entregava-lhe
o ar mais puro do dia
As
flores sorriam como que envergonhadas
Pálidas
ficavam em face ao perfume que ela exalava
E
cada uma se esforçava, o mais que podia
Para
florir o caminho por onde ela passava.
(Coral)
De
onde virá o príncipe meu?
Por
quê demora tanto?
Venha
dançar comigo!
Venha
ser meu amigo!
Sentir
o sabor do encanto.
Nada
atraia a atenção da virgem que todos desejavam
No
Olimpo os deuses mais tímidos sutilmente a cortejavam
Os
mais ousados cantavam aos gritos as suas glórias
De
repente, uma voz do silêncio sutilmente emergia
Desejou-lhe
tudo de bom, belo e todas as vitórias
Fingindo
que nada ouvira, foi se afastando lentamente
Noutro
dia, mais uma vez, a voz se fez presente
Enviando-lhe
um jardim pleno de ternura e magia.
Apesar
de banal, o gesto lhe tocou no peito
Ela
pressentiu que o rio havia chegado ao leito
Pela
primeira vez o seu olhar se dirigiu
Ao
encontro do príncipe, mas não o viu
O
que avistou trouxe-lhe um grande espanto
O
alguém que se apresentava à sua imaginação
Não
vinha de outro jardim de igual encanto
A
dúvida tomou conta do seu aflito coração.
(Coral)
De
que deserto este alguém viera?
De
que naufrágio? De que guerra?
Ele
nada lhe respondeu, apenas a beijou
Com
a sede do seu corpo e da sua alma.
Composição - Hiran de Melo & Bielzim
Intérprete: 🎤 Boy
& Bielzim
Arranjos e Gravação: Studio
Washington Boy
Faixa 03 do Álbum Princesa dos
Céus Azuis 2021
Publicado no blog: Álbuns –
Letras de Músicas
Vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=MFWK3t7OM2U
Anexo
Encontro com o tentador: A leitura
do poeta
"Encontro
com o Tentador" nasceu de um impulso criativo que compartilhamos ao querer
explorar as tensões entre o desejo, a dúvida e a descoberta do desconhecido. A
ideia de um ser quase etéreo, uma mulher envolta em mistério e beleza, veio com
a intenção de simbolizar a dualidade entre a pureza e a tentação, entre a
devoção e o encantamento. A personagem principal da canção é, ao mesmo tempo,
uma figura divina e humana. Ela se veste de penas de aves raras, como uma
espécie de divindade que transcende o comum, mas, ao mesmo tempo, está inserida
em um universo cheio de desafios e emoções.
A
primeira estrofe, "Ela se revestiu de penas de
aves raras/Caçadas por heroicos guerreiros/Com as penas brancas do seu vestido/Sua
pele de tão alva se confundia/E assim, toda manhã ela reluzia/Pelo selvagem
campo das araras/Pacificando o animal mais temido/Com sua presença nos
terreiros", é uma espécie de apresentação dessa personagem: ela é
tanto celestial quanto terrena. As penas brancas do seu vestido a conectam com
algo imortal, mas sua presença também é sentida no "selvagem campo das araras",
um símbolo da natureza bruta, indomável, que a envolve de forma irresistível. O
efeito de sua presença nos terreiros — onde o animal mais temido é pacificado —
é uma metáfora de sua força e de sua capacidade de transformar tudo o que toca.
Ela é um enigma que, ao mesmo tempo, inspira respeito e desejo.
Os
corais, "De onde virá o príncipe meu?/Por quê
demora tanto?/Venha dançar comigo!/Venha ser meu amigo!/Sentir o sabor do
encanto", que surgem ao longo da música refletem o anseio da mulher
por algo mais, por uma conexão profunda com o "príncipe", aquele que está por vir, mas que
parece demorar. Esse anseio por um ser que a complete, que possa finalmente
compreender sua natureza, é central para a história. Mas o que ela espera e
como ela reage ao que surge é o verdadeiro ponto de virada.
A
segunda estrofe, "O sol que se escondia entre as
nuvens paradas/Iluminava a manhã, sem provocar ardor/As árvores respirando com
profundo fervor/Entregava-lhe o ar mais puro do dia/As flores sorriam como que
envergonhadas/Pálidas ficavam em face ao perfume que ela exalava/E cada uma se
esforçava, o mais que podia/Para florir o caminho por onde ela passava",
descreve a atmosfera mágica que envolve a virgem, a sensação de que a natureza
se curva à sua beleza. Assim, quando o sol se esconde entre as nuvens e o mundo
ao seu redor respira com fervor, as flores, como se estivessem competindo por
sua atenção, exalam seus perfumes na tentativa de conquistar seu olhar. O mundo
todo reage à sua presença, como se fosse um reflexo de sua própria essência,
refletindo o conflito interior que ela carrega entre ser desejada e ainda
manter sua pureza intacta.
A
terceira estrofe introduz a figura do tentador, que surge do silêncio e a
corteja com palavras e presentes. "Nada atraia a
atenção da virgem que todos desejavam/No Olimpo os deuses mais tímidos
sutilmente a cortejavam/Os mais ousados cantavam aos gritos as suas glórias/De
repente, uma voz do silêncio sutilmente emergia/Desejou-lhe tudo de bom, belo e
todas as vitórias/Fingindo que nada ouvira, foi se afastando lentamente/Noutro
dia, mais uma vez, a voz se fez presente/Enviando-lhe um jardim pleno de
ternura e magia" são versos que expressam a astúcia do tentador, a
forma como ele se aproxima da virgem, oferecendo-lhe presentes e promessas.
A
parte mais instigante da composição surge quando, apesar de ser cortejada por
deuses e seres de diversos mundos, a mulher se mantém distante. Ela ouve uma
voz do silêncio, uma voz simples que, com gestos pequenos e silenciosos, parece
ser mais sincera do que todas as manifestações grandiosas ao seu redor. E esse
gesto — aparentemente banal — toca o seu coração de forma profunda, criando um
conflito. A dúvida surge em seu peito: o que é real? O que é o verdadeiro
desejo? Este é o momento em que a mulher percebe que, muitas vezes, a
verdadeira entrega não está nas coisas grandiosas ou nos gestos grandemente
esperados, mas sim na simplicidade e na profundidade do que não se pode tocar facilmente.
A
quarta estrofe descreve o momento do encontro, a atração irresistível que a
virgem sente pelo tentador. "Apesar de banal, o
gesto lhe tocou no peito/Ela pressentiu que o rio havia chegado ao leito/Pela
primeira vez o seu olhar se dirigiu/Ao encontro do príncipe, mas não o viu/O
que avistou trouxe-lhe um grande espanto/O alguém que se apresentava à sua imaginação/Não
vinha de outro jardim de igual encanto/A dúvida tomou conta do seu aflito
coração" são versos que revelam a dualidade do encontro, a atração
e o medo que a virgem sente ao se deparar com o desconhecido.
O
coral "De que deserto este alguém viera?/De que
naufrágio? De que guerra?" representa a dúvida e o medo da virgem
diante do tentador, a sensação de que ele é um ser misterioso e perigoso.
A
quinta estrofe descreve o momento da entrega, o beijo que sela o encontro entre
a virgem e o tentador. "Ele nada lhe respondeu,
apenas a beijou/Com a sede do seu corpo e da sua alma" são versos
que expressam a intensidade da paixão, a sensação de que o encontro é
irresistível e avassalador.
No
final, o beijo do príncipe surge como uma metáfora do confronto entre as
expectativas e a realidade. Ele não responde às perguntas dela, apenas a beija
com a intensidade que ela não esperava. Esse beijo é tanto a consumação de um
desejo reprimido quanto o princípio de um novo entendimento — algo que não pode
ser completamente explicado ou racionalizado.
"Encontro
com o Tentador" é, em última instância, sobre esse processo de descoberta
e entrega. É sobre os momentos de dúvida e, ao mesmo tempo, sobre a aceitação
do desconhecido e do novo que chega, mesmo quando ele não se parece com o que
imaginávamos
Poeta Hiran de Melo
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