Álbum Inverno no Cariri 2020 – Faixa 07


Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=MEFdjPL8sXo

 

Diga que sou seu

 

Um dia de sol, você e eu no primeiro abraço

Em frente ao paço da Igreja de São Francisco

Um frade ao longe observando nosso primeiro beijo

Talvez pensando, por que não eu?

 

Imaginei-me levando-a nos meus braços ao altar

Imaginei feliz caminhando ao seu lado

E caminhamos pela via sagra que leva à Virgem dos Pobres

A cada passo uma imagem do sofrimento libertador.

 

Uma vela foi acessa, com um pedido esperançoso

Muitas lá estavam já se apagando, outras no inicio

Muita luz na claridade do sol em zênite

Talvez pensando: por que eu?

 

Em outro dia voltarei ao seminário seráfico

Você já não estará ao meu lado

Pouca luz na claridade do sol poente

Talvez pensando, aqui estou eu.

 

Aqui estou eu, por que não?

Aqui estou eu, por que não?

Aqui estou eu, por que não?

Diga que não. Que sou só seu.

 

Composição -  Hiran de Melo & Boy

Intérprete: 🎤 Boy

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 07 do Álbum Inverno no Cariri 2020

Publicado no blog: Álbuns – Letras de Músicas

Vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=MEFdjPL8sXo

 

Anexo

 

Depoimento do poeta: Diga que sou seu

 

"‘Diga que sou seu’ foi uma canção escrita a partir de uma experiência de amor idealizado, mas também marcada pela incerteza, pela dúvida e, acima de tudo, pela busca pelo pertencimento. O poema começa com uma cena tranquila e romântica — um dia de sol, o primeiro abraço e o beijo. Esses momentos são marcados pela pureza da descoberta do amor, mas também pela tensão silenciosa que começa a se instalar, algo que só se revela à medida que a história se desenrola.

 

O cenário inicial, com a Igreja de São Francisco ao fundo e o frade observando o primeiro beijo, é uma maneira de mostrar como, em momentos de paixão, somos observados por outras forças, ou por uma voz interna que nos questiona: ‘Por que não eu?’ Isso é quase um reflexo da dúvida existencial que todo amante carrega, como se, em um instante de felicidade, houvesse algo mais que nos separa do destino, uma força que nos empurra para o que parece ser inatingível.

 

Quando digo ‘Imaginei-me levando-a nos meus braços ao altar’, a ideia é trazer à tona a visão de um futuro compartilhado, mas também a fantasia de um amor eterno, onde cada passo parece ser uma construção de um destino comum. O caminho que leva à Virgem dos Pobres é simbólico, pois, ao mesmo tempo que nos aproxima da ideia de pureza e sacrifício, também reflete as dificuldades e os sofrimentos que muitos devem enfrentar para alcançar a verdadeira felicidade.

 

A vela acesa, com um pedido esperançoso, contrasta com a efemeridade da luz — algumas velas já se apagando, outras ainda no começo. Isso fala de momentos fugazes de esperança, de desejos que podem ser frágeis, mas que ainda têm potencial de iluminar. As imagens de luz, tanto no sol em zênite quanto no poente, representam a transitoriedade dos momentos e dos sentimentos — como a luz do sol que muda ao longo do dia, assim também nossas emoções podem ser intensas e depois suavizar. ‘Talvez pensando, por que eu?’ é uma reflexão sobre a insegurança que, muitas vezes, acompanha o amor. Mesmo no auge de nossos desejos, a dúvida sobre nosso merecimento nos acompanha.

 

O poema toma um tom mais melancólico na parte que fala do ‘seminário seráfico’, onde o sujeito poético imagina voltar sozinho, sem a pessoa amada ao seu lado. A luz que antes era intensa, agora é pouca, refletindo a perda ou a ausência.

 

O sol poente, mais suave, nos lembra da inevitabilidade do fim, do ciclo que se fecha, e da dor que a ausência provoca. Mesmo assim, há uma insistência nas palavras ‘Aqui estou eu, por que não?’ — uma tentativa de se reafirmar no amor, uma busca pela aceitação, pelo ‘sim’ que ainda não chegou.

 

O verso final, ‘Diga que não. Que sou só seu’, é uma súplica, um pedido de afirmação. A repetição do ‘aqui estou eu’ demonstra o desejo de ser notado, de ser reconhecido como aquele que está presente e pronto para amar, mas também uma aceitação da dúvida e da incerteza. Há uma tensão entre o querer ser aceito completamente e o medo da rejeição.

 

‘Diga que sou seu’ é uma canção sobre o amor não correspondido ou ainda não confirmado, sobre o desejo de pertencimento e a constante busca por um lugar ao lado do outro. É um poema que trata da incerteza que acompanha o amor, da tentativa de se afirmar e ser reconhecido, mas também da fragilidade do momento, onde a luz da esperança pode se apagar, mas sempre há uma chama que teima em brilhar.

 

Poeta Hiran de Melo

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