Álbum Inverno no Cariri 2020 – Faixa 09


Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=Aw89VthuUwI

 

Desertos

 

Respiro afeto

Transpiro afeto

Quando tu não estás

Eu invento.

 

Afetos, afetos, afetos...

 

Busco encontrar

Nas nuvens

Acima do mar

Debaixo da terra

Em qualquer lugar

 

Afetos, afetos, afetos...

 

Mastigo afeto

Bebo afeto, aonde eu for

E, quando não estou

Eu invento.

 

Afetos, afetos, afetos...

 

Busco encontrar no mar

Acimas das velas desertas

Na rua, na esquina ou no bar.

 

Desertos, desertos, desertos...

 

Busco nos encontrar

Nas palavras perdidas

Nas noites mal dormidas

Nas ruas desertas

Minha vida, tua vida...

 

Desertos, desertos, desertos...

 

Composição -  Hiran de Melo & Boy

Intérprete: 🎤 Boy

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 09 do Álbum Inverno no Cariri 2020

Publicado no blog: Álbuns – Letras de Músicas

Vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=Aw89VthuUwI

 

Anexo

 

Depoimento do poeta: Desertos

 

‘Desertos’ é uma canção que nasceu da sensação de falta, da necessidade de estar mais próximo do outro, de buscar algo que nos complete, que nos faça sentir vivos. A palavra ‘afeto’ é quase como um combustível que me move, uma busca constante. Ela aparece de forma repetitiva ao longo da música porque, para mim, o afeto é algo fundamental, um impulso, um desejo que é quase incontrolável.

 

Quando falo ‘respiro afeto’, estou dizendo que é algo vital para mim, tão essencial quanto o ar. O afeto é aquilo que nos dá sentido quando tudo parece vazio, quando a solidão é imensa e a ausência do outro se torna um deserto. E é nesse vazio que buscamos, insistentemente, algo que preencha esse espaço. A ideia de ‘inventar’ o afeto quando ele não está presente reflete essa tentativa de criar, de encontrar formas alternativas de preenchimento, de preenchimento emocional.

 

O poema também fala dessa busca desesperada, não importa onde, não importa como: ‘nas nuvens, acima do mar, debaixo da terra’. As imagens se tornam mais distantes, como se tudo fosse uma metáfora para a nossa jornada interna, tentando encontrar o que não conseguimos mais alcançar na realidade.

 

A repetição de ‘afetos’ no meio dessa busca e essa constante repetição de ‘desertos’ são, para mim, uma maneira de tentar trazer à tona a ideia de que, mesmo em um momento de vazio, o afeto é o que nos mantém vivos. A busca pelo afeto é constante, e o deserto simboliza a distância, a ausência e a aridez de não encontrar o que tanto desejamos.

 

E quando digo que ‘mastigo afeto’, isso é uma referência à minha forma de lidar com essa necessidade emocional: o afeto se torna algo que devemos consumir, fazer parte de nós. Eu queria transmitir a ideia de que não basta só receber, mas também transformar o afeto, absorver de forma plena. A solidão e os desertos que cito também são uma alusão a lugares onde, por mais que busquemos, não conseguimos encontrar o que precisamos.

 

‘Desertos’ é um grito, uma confissão de uma busca interminável pela conexão humana, pela troca genuína de afeto. E, no final das contas, mesmo que falhemos, mesmo que a vida nos pareça árida, a busca continua. É quase como um ciclo, um movimento eterno entre o vazio e a tentativa de preenchê-lo, entre o que está ausente e o que tentamos criar para substituir.

 

Poeta Hiran de Melo

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