Álbum Inverno no Cariri 2020 – Faixa   12


Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=OEG03K0bbZ0

 

A arte do perdedor

 

Esse guri

É todo artimanha

Quer entrar em tudo

De chifre abanando

Feito boi na vaguejada

Corre, corre, apanha

Até de madrugada

 

Guri, vê se enxerga

Ganha quem é esperto

Acordar primeiro que o sol

Tem que estar desperto

Dormir depois da lua.

 

(Refrão)

Essa não é a tua

Essa não é a tua

 

Esse guri

É coisa estranha

Que brincar com tudo

A vitória como sorte

A glória sem trabalho

Viver jogando baralho

É apostar na morte.

 

Guri, vê se enxerga

Ganha quem é esperto

Acordar primeiro que o sol

Tem que estar desperto

Dormir depois da lua.

 

(Refrão)

Essa não é a tua

Essa não é a tua.

 

Composição -  Hiran de Melo & Boy

Interprete: Boy

Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy

Faixa 12 do Álbum Inverno no Cariri 2020

Publicado no blog: Álbuns – Letras de Músicas

Vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=OEG03K0bbZ0

 

Anexo

 

Depoimento do poeta: Apesar dos bárbaros

 

A 'Arte do Perdedor' nasceu de uma inquietação que me acompanhava há tempos: a observação de um certo tipo de comportamento, presente em muitos jovens, que me parecia um tanto autodestrutivo. A figura do 'guri', como o chamo na canção, é uma representação desse indivíduo que, com ímpeto e energia, se lança em todas as direções, mas sem um norte claro, sem a disciplina e a persistência necessárias para alcançar seus objetivos.

 

A metáfora do 'boi na vaguejada' ilustra bem essa impulsividade, essa falta de controle que o leva a se desgastar em vão. A busca pela vitória a qualquer custo, a crença de que o sucesso é fruto da sorte e não do trabalho árduo, são ilusões que o afastam da realidade. O verso 'é todo artimanha, quer entrar em tudo, de chifre abandonando' faz referência a esse tipo de comportamento astuto, mas sem profundidade, sem foco no verdadeiro mérito.

 

Ele é como um jogo de azar, e, nesse caso, a ideia de 'apostar na morte' reflete a imprudência e o risco de viver sem entender as consequências de suas ações.

 

A repetição do conselho 'Guri, vê se enxerga, ganha quem é esperto, acordar primeiro que o sol, tem que estar desperto, dormir depois da lua' é uma forma de transmitir que o verdadeiro fruto do trabalho vem da disciplina, do esforço diário e, principalmente, da perseverança. A vitória não é para quem se arrisca no atalho ou na sorte, mas para quem realmente se dedica, quem entende a importância de cada passo, quem sabe que o caminho da vida exige comprometimento e sacrifícios.

 

O refrão 'Essa não é a tua' é quase um aviso – uma forma de chamar a atenção para o fato de que esse 'guri' está trilhando um caminho que não irá trará à realização verdadeira, à verdadeira vitória. Ele ainda não descobriu que, no fundo, a vida não se resume ao brilho momentâneo ou à aparência de conquista. A verdadeira vitória vem do esforço constante, da humildade e da compreensão de que a jornada é mais importante do que a chegada.

 

A canção não é um julgamento, mas um retrato de uma realidade que me preocupa. Acredito que a juventude, com toda a sua energia e potencial, precisa ser direcionada para a construção de um futuro promissor, baseado no esforço, na disciplina e na perseverança.

 

'A Arte do Perdedor' é, em última análise, um grito de esperança, um convite à superação, à transformação do 'guri' em um vencedor, no sentido mais amplo da palavra.

 

Poeta Hiran de Melo

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